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Lilian Gassen

Belvedere

Lilian Gassen

Alguém poderia dizer que belvedere é um lugar singular para onde se vai quando se quer desfrutar de um vasto panorama. Mas, a partir da posição em que me coloco, Belvedere é a proposta de uma situação privilegiada, na qual se interligam o observador e aquilo que é observado, ambos inscritos em um espaço/tempo apreensível por meio da idéia de deslocamento proposital, ora dos corpos, ora do olhar, ou de ambos simultaneamente.

 

Exposição Belvedere
Exposição Belvedere, Sala Lápis, Solar do Barão. 2009.

Nesta situação, o observador é um sujeito ativo que pode ocupar várias posições diferentes no espaço em relação a um ou vários pontos de referência fora dele ao longo do tempo. Não há em Belvedere uma posição correta de observar, nem aquele ponto perspectivo para um olhar totalizante e unificado. Na situação provocada por Belvedere o observador se movimenta, o olhar é escaneador e o horizonte é outro em cada um desses deslocamentos.

E, a respeito do que se vê desse Belvedere, arrisco descrever articulando desenho, cor e profundidade. No panorama que se apresenta o desenho é fronteira que, ao mesmo tempo delimita e cria laços, no qual a cor ou os cinzas se encarnam e se interligam, de modo que tudo se movimenta para frente e para traz, sem privilégios, com deslocamentos algumas vezes reais, outras vezes ilusórios.